Esta consciência, que faz de todos nós covardes.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Bow and Arrow Types in Central Brazil - Smithsonian Report, 1896

NAZISTAS NA AMAZÔNIA

A Amazônia esteve nos planos de Hitler como um território a ser conquistado pelo III Reich.

Uma enorme cruz de madeira ostenta uma suástica nazista no cemitério de uma ilhota sem nome do Rio Jari, entre os estados do Amapá e Pará. É o que resta da expedição nazista que chegou a Belém em 1935 e durante dois anos explorou a geologia, fauna e flora da Amazônia.

Preparando a invasão

Um livro de 1938 achado recentemente num sebo em Berlim traz anotações precisas da expedição. Intitulado "Mistérios do Inferno da Mata Virgem", o diário do geologista e piloto Otto Schulz-Kampfhenker revela que os quatro oficiais alemães teriam outros interesses que os científicos - buscavam os acessos e caminhos do Amapá até a Guiana Francesa, região estratégica a ser ocupada na guerra que se aproximava.

Os exploradores levaram 11 toneladas de suprimentos e munição para 5 mil tiros. Enviaram para a Alemanha as peles de 500 mamíferos diferentes, centenas de répteis e anfíbios e 1.500 objetos arqueológicos. Produziram 2.500 fotografias e 2.700 metros de filme 35mm que mostram índios, caboclos, animais, peles, cobras e outros espécimes exóticos do mundo tropical.

Eles também aproveitaram para testar um hidroavião com flutuadores de compensado de madeira, técnica inédita na época, e algumas armas e equipamentos não detalhados no livro.

"Papai grande"

A missão foi repleta de incidentes. O piloto errou duas vezes a rota de Arumanduba, de onde partiriam. Somente ao chegarem ao rio descobriram que era raso, encachoeirado e pedregoso, inviabilizando o uso da aeronave. O jeito foi seguir a pé e de barcos, com a contratação de caboclos para fazer o trabalho braçal.

Os alemães apreciaram o tipo indígena dos aparaís: "construído como um atleta olímpico (...) parecendo uma estátua de bronze modelada por um artista". Fizeram amizade com eles apresentando-se como "filhos do Papai Grande da Ciência" e moraram na aldeia durante quase um ano, período em que Schulz teve uma filha com uma das nativas.

A uruca da sucuri

A expedição, porém, continuava azarada. Um dos alemães, Joseph Greiner, contraiu malária e morreu poucos dias depois. Foi enterrado ali mesmo, numa ilha do Rio Jari, onde está a cruz com a suástica. A expedição prosseguiu por mais um ano, até fevereiro de 1937, com ajuda de caboclos e índios. Malária, repetidos acidentes e apendicite atacaram os alemães. Otto quase perdeu a vida ao tentar subir as violentas corredeiras do rio.

Para os índios, os alemães estavam sendo castigados por terem matado uma sucuri de sete metros, animal sagrado cuja morte traz azar. A expedição terminou e os sobreviventes retornaram à Alemanha. Em seu diário, Otto anotou que concluíram a maioria das experiências técnicas "em prol de missões maiores no futuro".

A Amazônia resiste

Os alemães sempre tiveram um interesse especial pela terra brasileira; Euclides da Cunha, em "Os Sertões", mostrou como eles cartografaram detalhadamente a geologia e geografia nacionais havia muito tempo. Também é germânica a descoberta de que Goiás tem o solo mais antigo do planeta.

Além dos nazistas, os capitalistas tentaram a sorte na Amazônia e foram derrotados: em 1927, Henry Ford comprou cerca de um milhão de hectares na selva, junto ao rio Tapajós, e iniciou uma gigantesca plantação de borracha, a Fordlândia. O projeto durou 18 anos até ser tragado pela selva.

Em 1967, o homem mais rico dos EUA, Daniel K. Ludwig, também fracassou com sua fábrica de celulose flutuante denominada Projeto Jari. Mas estas histórias ficam para outro dia.

(fonte principal: pesquisador Cristóvão Lins/Jari, a quem agradecemos)

Detalhe da suástica na parte superior da cruz de Joseph Greiner

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Terra Oca - Agharta -

A teoria da Terra oca afirma que a Terra não é um esferóide sólido, mas sim oca com aberturas no pólos. No seu interior viveria uma civilização tecnologicamente avançada, cujos integrantes às vezes vêm para a superfície em OVNIs. Existem variantes desta teoria, inclusive uma em que nós vivemos no interior da Terra oca. Esta última é a teoria da Terra invertida, que se confunde com as diferentes versões da teoria da Terra oca.

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A Terra oca (I)

No fim do século XVII, o astrônomo inglês Edmund Halley propôs um modelo no qual a Terra seria composta por quatros esferas concêntricas e cuja a atmosfera luminosa, ao escapar para a atmosfera superior, seria responsável pela aurora boreal.

Halley Halley (1656-1742) foi astrônomo real e durante 18 anos estudou os movimentos da Lua, publicando um importante tratado chamado Astronomiae Cometicae Synopsis (Sinopse sobre Astronomia Cometária). Ele foi o primeiro a calcular a órbita de um cometa e neste tratado provou que os cometas possuem órbitas elípticas em torno do Sol e que, por isso, retornavam periodicamente. Ele previu que o cometa de 1682 retornaria em dezembro de 1758. Quando o cometa retornou, foi batizado em homenagem a Halley, que não viveu para vê-lo aparecer nos céus em 25 de dezembro de 1758.

Halley propôs esta teoria para explicar anomalias no campo magnético da Terra que causavam interferência nas bússolas. Além disso, ele tinha notado que o campo magnético da Terra estava variando lentamente. Então, primeiramente, ele teorizou que a Terra era constituída de uma casca com um núcleo, cada um com diferentes pólos norte e sul magnéticos e velocidades de rotação, o que explicaria as variações no campo magnético em diferentes partes da Terra, assim como a variação do norte magnético. Porém, de forma a ajustar sua teoria a novos dados, Halley teve que incluir mais três núcleos internos um dentro do outro. Segundo ele, estes núcleos eram do tamanho de Marte, Vênus e Mercúrio. (Hoje em dia sabemos que a parte mais externa do núcleo da Terra composto de ferro derretido está em permenente movimento convectivo o que causa o campo magnético da Terra, assim como suas variações periódicas).

Para que sua teoria se adequasse à sua visão religiosa, Halley imaginou que se Deus populou cada parte da superfície terrestre com seres vivos, Ele deveria ter feito o mesmo com os núcleos internos. E como estes seres vivos necessitariam de luz para viver, a atmosfera interior deveria ser luminosa.

Durante o século XVIII, outros matemáticos modificaram a teoria de Halley sem nunca refutá-la. O suíço Leonard Euler rejeitou a noção de vários núcleos interiores, mas acreditava que existia um sol interior que fornecia calor e luz para os habitantes tecnologicamente avançados do mundo interior. E o escocês Sir John Leslie, por sua vez, acreditava que existiam dois sóis que ele chamou de Plutão e Proserpina.

No século XIX, o veterano da guerra de 1812, John Symmes foi um difusor tão entusiasmado da teoria das camadas concêntricas, que a suposta abertura para o mundo interior ficou conhecida como Buraco de Symmes. (Sua teoria era uma mistura da teoria de Halley com a de Euler). Ele chegou a propor o envio de uma expedição ao Pólo Norte para verificar a existência desta entrada.

Os autores de ficção científica também se interessaram pelo tema. Julio Verne escreveu Viagem ao Centro da Terra em 1864 e Edgar Rice Burroughs (1875-1950), criador do personagem Tarzan, escreveu vários romances passados no interior da Terra oca.

Modelo de Halley Modelo de Euller

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A Terra invertida

Em 1869, Cyrus Reed Teed, herbalista e autoproclamado alquimista, disse ter tido uma visão na qual uma mulher disse a ele que nós estamos vivendo dentro da Terra oca. Ele começou a difundir estas idéias em panfletos, discursos e até fundou um culto chamado Os Koreshans (koresh é o hebraico para cyrus). Teed não sabia na época, mas a geometria moderna e o espaço curvo de Einstein tornam a teoria matematicamente irrefutável do ponto de vista teórico. Se a superfície terrestre fosse geometricamente invertida, a superfície interna reproduziria todos os fenômenos físicos que nós observamos ( veja a explicação). Mesmo os efeitos astronômicos teriam algum tipo de contrapartida: o Sol seria pequeno e estaria no centro da Terra, com um lado escuro e outro claro. As estrelas e planetas seriam realmente pontos minúsculos de luz minúsculos bem próximos de nós.

Terra invertida 1 Terra invertida 2

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A Terra oca (II)

Willian Reed publicou, em 1906, The Phantom Poles, no qual ele afirmava que nenhuma expedição tinha atingido os pólos simplesmente porque eles não existiam, pois na realidade eles seriam entradas para o mundo interior.

Enquanto alguns se contetaram apenas em teorizar sobre a terra interior, outros como Olaf Jansen afirmavam ter estado e vivido lá. Jansen era um marujo norueguês que foi morar em Glendale, Califórnia e perto de morrer aos noventa e nove anos de idade, ele revelou sua história fantástica para o escritor Willis George Emerson que a publicou em 1908 no livro "The Smoky God".

Em 1913, Marshall B. Gardner publicou "Journey to the Earth's Interior". Neste livro ele refutava veementemente a teoria das esferas concêntricas, porém afirmava que existia um sol de 965km (600 milhas) de diâmetro no interior da Terra e as entradas para o interior seriam no pólos.

Agartha

Finalmente, em 1926, Richard E. Byrd sobrevoou o Pólo Norte e, em 1929, o Pólo Sul, provando que não haviam entradas nos pólos. Mas os defensores da teoria da Terra oca afirmam que Byrd, na realidade voou para dentro do mundo interior através das entradas nos pólos. Tudo isso baseado em passagens do seu diário de bordo onde ele descreveu a Antártica como "a terra do mistério eterno" e uma vez escreveu "gostaria de ver a terra além do Pólo (Norte). Aquela área além do Pólo é o Centro do Grande Desconhecido".

Somente isto basta como evidência para aqueles que acreditam na Terra oca. E em 1940, Ray Palmer, fundador de várias publicações sensacionalistas como "FATE", "Flying Saucers form Other Worlds" e "The Hidden Word", se juntou a Richard Shaver e criaram o Mistério de Shaver, uma lenda sobre o mundo interior e seus habitantes tecnologicamente avançados. Palmer chegou a afirmar que viveu entre estes habitantes do mundo interior.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o aviador alemão Peter Bender despertou atenção do governo nazista com suas elaborações sobre o koreshantismo. Existem boatos de que Hitler acreditou na teoria da Terra oca de Cyrus e que teria enviado, em abril de 1942, o Dr. Heinz Fischer em uma expedição à ilha báltica de Rugen, a fim de fotografar a frota inglesa com câmaras de infravermelho através da Terra oca.

Em março de 1959, o submarino nuclear americano Skate navegou sob a calota polar e emergiu no Pólo Norte geográfico. Foram utilizados equipamentos de navegação inercial para calcular a rotação da Terra em cada ponto até encontrarem o ponto exato do eixo de rotação. Além disso, várias medidas da força gravitacional e leituras de navegação foram realizadas para assegurar que eles atingiram o Pólo Norte.

Raymond W. Bernard, esotérico e líder dos rosas-cruzes, publicou em 1964 "The Hollow Earth - The Greatest Geographical Discovery in History Made by Admiral Richard E. Byrd in the Mysterious Land Beyond the Poles - The True Origin of the Flying Saucers" e também "Flying Saucers from the Earth's Interior". Ele alegava estar em contato espiritual com grandes místicos como o Dalai Lama e que teria aprendido a teoria da relatividade com a civilização do interior da Terra antes de Einstein publica-lá. Ele morreu de pneumonia em 10 de setembro de 1965, procurando uma entrada para o mundo interior na América do Sul. Ele acreditava em quase todas as lendas relativas à Terra oca, inclusive que os esquimós descendiam do povo do interior e que de vez em quando eles utilizavam seus OVNIs.

Sua teoria era que a Terra era oca com paredes de cerca de 1300km (800 milhas) de espessura e que nos pólos existiam aberturas de cerca de 2250km (1400 milhas) com bordas que curvam suavemente para dentro de forma que um viajante por terra, mar ou ar entraria dentro da abertura sem perceber que estaria entrando no interior da Terra. E também que os pilotos somente pensam que estão cruzando o pólo norte geográfico, mas que na realidade eles estão somente seguindo a "borda magnética"da entrada.

Em 1970, Ray Palmer conseguiu uma foto do Pólo Norte fornecida pelo Enviromental Science Service Administration do Departamento de Comércio americano. Esta foto mostra o Pólo Norte com uma área escura no meio. Para Palmer esta era a prova final da existência de uma entrada para a terra interior no Pólo. No entanto, esta foto era uma composição feita por computador de 40.000 fotos tiradas por satélite em um período de 24h. A intenção era mostrar a Terra vista de um ponto diretamente acima do Pólo, porém na época do ano que foram tiradas as fotos a região do Pólo Norte estava permanentemente no escuro por causa do inverno ártico.

Modelo de Cyrus Pólo Norte

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Como sabemos que a Terra não é oca

Geocientistas catalogam as ondas sísmicas geradas por terremotos, por explosões atômicas e outros fenômenos naturais ou não e medem a intensidade, velocidade, ângulo de incidência e atenuação das mesmas. As ondas sísmicas geradas na crosta terrestre possuem uma determinada velocidade que depende da densidade do meio em que estas viajam, isto somado ao fato de que o ângulo de incidência destas ondas também muda ao atravessar de um meio para outro (semelhante a um prisma que desvia e decompõe a luz do Sol) permite gerar imagens do interior da Terra denominadas tomografias sísmicas que são semelhantes às tomografias computadorizadas realizadas em hospitais (veja mais detalhes).

Estrutura da Terra Por estas imagens sabemos que a Terra possui três camadas principais: a primeira constituída de granito e basalto com cerca de 40km (25 milhas) de espessura, a segunda, um manto de rocha líquida de aproximadamente 3200km (2000 milhas) de espessura e finalmente, um núcleo central de ferro e níquel derretido com algo em torno de 6400km (4000 milhas) de diâmetro.

Estas imagens têm trazido grandes surpresas. Por exemplo, descobriu-se que o núcleo da Terra não é uma esfera lisa, mas cheia de montanhas com vários quilômetros de altura e vales seis vezes mais profundos que o Grande Cânion.

Apesar das evidências irrefutáveis aqueles que querem acreditar se agarram a teorias conspiratórias de que os governos do mundo sabem a verdade, mas não a revelam para não causar pânico na população. Ou ainda se prendem ao fato de que a ciência moderna possui várias teorias que vão sendo modificadas com o tempo (e isto é o que a ciência tem de melhor para nos oferecer), ou que algumas vezes as teorias correntes para descrever um certo fenômeno são conflitantes (mas esquecem de mencionar que estes são os casos em que o real mecanismo por trás do fenômeno ainda não está explicado, daí a não existência de uma única teoria). Na realidade, a crença no mundo interior nunca irá terminar pois aqueles que acreditam no mundo interior habitado por civilizações mais avançadas moral e tecnologicamente procuram um mundo melhor onde os nossos problemas foram resolvidos. Dessa necessidade quase instintiva de acreditar neste tipo de paraíso na Terra vêm as lendas de Shangrilá, Atlântida e tantas outras como a da Terra oca.

A teoria da Terra invertida

As idéias de Cyrus Teed ressurgiram recentemente quando o matemático egípcio, Mostafa Abdelkader, publicou um artigo em 1983 na revista "Speculations in Science and Technology" onde ele apresenta o modelo do geocosmo, como é denominado este modelo do Universo contido dentro da Terra. Apesar do geocosmo poder explicar inteiramente nosso Universo, este modelo exige, por exemplo, que a luz necessariamente não viaje em linha reta e que sua velocidade não seja constante. Além de outras complicações físicas e matemáticas adicionais, esta teoria não apresenta nenhuma vantagem sobre a teoria do Universo segundo Copérnico.

Dentro do princípio da Navalha de Ockham uma teoria mais complexa só é adotada se apresentar explicações para fenômenos não previstos por outra mais simples. A Relatividade, por exemplo, apesar de mais complexa, foi adotada porque explica e prevê fenômenos em escala astronômica que não são abrangidos pela mecânica newtoniana. O mesmo pode ser dito para a mecânica quântica em níveis subatômicos.

sábado, 29 de março de 2008

Thelema - Aleister Crowley - Liber Al vel Legis

A Filosofia

A palavra Thelema (pronuncia-se Télema) tem origem grega e significa Vontade ou Intenção. Mas este termo é associado a uma doutrina registrada pela primeira vez na literatura no século XVI. No ano de 1532, François Rabelais cita em sua aventura épica Gargantua e Pantagruel, a fundação de uma abadia de Thelema. Segundo o autor, uma doutrina que se chocava com os ideais católicos da época.

A proposta do Thelema está baseada essencialmente na liberdade e individualidade humana; ou seja, o cultivo e satisfação plena das próprias vontades. Estas bases ficam evidentes nos principais conceitos que regem: "Faça o que tu queres, pois há de ser tudo da lei"; "Todo homem e toda mulher é uma estrela"; "Tu não tens o direito, se não fazer a tua vontade..." Para os adeptos, estes princípios sintetizam a doutrina.

No Thelema toda ação individual é válida, pois é necessária a evolução. Porém, é importante que cada indivíduo descubra-se interiormente pela própria espiritualidade e una-se ao seu Ego através do amor. Desta forma descubra a Vontade Verdadeira que existe em si, e que é a motivação real da existência. A busca e o exercício da Vontade Verdadeira é a ação que move o ser em direção a iluminação. Por ser única, esta Vontade não colide com a Vontade alheia. "O Amor é a Lei sob a Vontade..." Portanto, cada ser da criação é único e especial; possui vontades e necessidades únicas que devem ser supridas.

Por estar fixado em conceitos pessoais, o Thelema pode variar muito em sua interpretação entre os adeptos; já que a vontade individual é o principal mecanismo de busca da auto-satisfação. Por esse motivo não é considerado uma religião, já que não existe uma divindade central específica; pode abrigar vários tipos de crenças e funcionar como um complemento da religiosidade, de acordo com a vontade do indivíduo. Porém, em seu desenvolvimento ao longo dos anos, o Thelema tornou-se um sistema mágico com características próprias; agregando em si correntes como a Draconiana, Tifoniana e Ofidioniana. Também influenciou outros sistemas como a Magia Ritual, Magia Sexual e as Artes Divinatórias.

A doutrina foi citada por vários pensadores e estudiosos em inúmeras publicações no decorrer dos séculos. Mas se expandiu apenas por volta de 1938, quando o inglês Aleister Crowley publicou o Liber Al vel Legis.

Atualmente, o Thelema é visto com uma certa hostilidade por aqueles que o conhecem superficialmente. O nome de Crowley está muito associado a esta doutrina, e os mitos que cercaram sua vida prestam uma imagem negativa a esta doutrina. Além disso, a noção libertária dos conceitos thelêmicos pode transmitir um falso aspecto egoísta, onde valoriza-se exageradamente a própria vontade e menospreza-se o altruísmo. Na verdade "O Amor é a Lei sob a Vontade", e "Todo homem e toda mulher é uma estrela..." Aqui fica evidente que o Amor se sobrepõe aos outros valores, e a individualidade humana é divinizada, respeitada por que cada um é uma estrela.

Crowley: Breve Biografia

Edward Alexander Crowley nasceu em 12 de Outubro de 1875, em Leamington, Inglaterra. Recebeu de seus pais uma rígida educação cristã, da qual hostilizava desde a infância. Freqüentou o Trinity College da Universidade de Cambridge e formou-se em química.

Crowley conheceu George Cecil Jones, membro do Amanhecer Dourado: uma sociedade secreta que transmitia ensinamentos relativos à astrologia, magia, cabala, alquimia e outros temas herméticos. Assim, aos 23 anos foi iniciado nesta sociedade e rapidamente elevou-se em sua hierarquia. Numa viagem ao Egito em 1904, Crowley e sua esposa vivenciaram as experiências que resultariam no livro da filosofia thelêmica, o Liber Al vel Legis.

Após a morte de sua filha em 1906, Crowley reuniu-se novamente com Cecil Jones e criou a Astrum Argentium: uma ordem iniciática que dava continuidade ao já extinto Amanhecer Dourado. Aqui foram implantados e difundidos os primeiros conceitos do Thelema. Nos anos seguintes, Crowley dedica-se aos estudos, escreve e publica vários livros de cunho poético-místico.

Em 1909, Crowley e Rose Kelly se separam. No ano seguinte, o inglês é convidado por Theodore Reuss e ingressa na Ordo Templi Orientis (O.T.O): uma ordem alemã composta dos mais elevados Maçons. Assim, teve a oportunidade de desenvolver a filosofia thelêmica na O.T.O, que posteriormente se desligaria totalmente da Maçonaria.

Em 1910 escreve o Liber CCCXXXIII, que seria publicado em 1913 e maldosamente classificado como o Livro das Mentiras. Nos anos posteriores, prossegue escrevendo e publicando várias obras relacionadas ao ocultismo. Em Abril de 1920, Crowley funda a Abadia de Thelema, na Sicília, Itália. Ordem que seria extinta em três anos, quando Mussolini o expulsaria do país.

A publicação de Confessions of Aleister Crowley em 1930, proporcionou ao autor a oportunidade de conhecer pessoalmente o poeta lusitano Fernando Pessoa, que também era astrólogo. Pessoa enviou uma carta a Crowley avisando-o que seu mapa astral estava incorreto. O inglês respondeu e manifestou sua vontade de conhecer o poeta. Assim, o encontro deu-se no porto de Lisboa. Nos anos seguintes, suas publicações mais significativas foram o Liber Al vel Legis, em 1938, e em 1942 o Liber OZ: manifesto dos direitos e deveres do homem; muito semelhante ao que ainda seria criado pela ONU.

Crowley passou grande parte de sua vida viajando, escrevendo e estudando diversas culturas ocultistas, bancado pela herança de sua família e doações de amigos e discípulos. Demonstrava um ávido desejo de sabedoria. Foi intelectualmente privilegiado, destacando-se desde a infância, quando lia a bíblia em voz alta e era prodígio nas disciplinas escolares, até os elevados graus que alcançou nas sociedades secretas que participou em todo o planeta. Vários de seus discípulos deram continuidade ao seu legado, criando ordens ao redor do mundo e estabelecendo um novo rumo dos pensadores contemporâneos, influenciando de forma significativa o universo ocultista e artístico desta época.

No Brasil, Raul Seixas e Paulo Coelho são frutos diretos do legado de Crowley. Entre outras, as músicas A Lei e Sociedade Alternativa (de autoria de ambos), não apenas mencionam, mas dissertam sobre os conceitos do mago inglês.

Edward A. Crowley incorporou vários pseudônimos criados por ele mesmo (incluindo Aleister, Mega Therion, 666, A Besta...), ou atribuídos pela imprensa, como: O Homem mais perverso do mundo. Teve uma vida polêmica que se opôs aos conceitos puritanos e retrógrados de sua sociedade. Morreu pobre e doente aos 72 anos, no dia 1º de dezembro de 1947 em Hastings, Inglaterra, vítima de bronquite e complicações cardíacas.

Liber Al vel Legis

Em Abril de 1904, Crowley e sua esposa Rose Kelly viajaram para o Egito. Neste período, Rose passou a entrar em transe repentinamente e declarar que a divindade egípcia Horus tentava comunicar-se com Crowley através dela.

Assim, o casal visitou o museu do Cairo e identificou a Estela da Libertação: um painel egípcio da 26º Dinastia onde um sacerdote oferece sacrifício ao deus Horus. Este fato foi uma revelação mística interpretada por Crowley. Dessa forma, ouvindo os ditos de Rose em estado meditativo, que falava em nome da divindade Aiwass, deu início ao trabalho que duraria três dias consecutivos, sempre entre as 12 e 13 horas, e se tornaria o Liber Al vel Legis (Líber Legis ou Livro da Lei), onde Thelema é citado como a palavra de ordem.

Durante 34 anos, Crowley estudou o significado do Liber Legis, publicando-o apenas em 1938. Este é o seu primeiro livro de princípios místicos. Possui uma linguagem simples mas interpretativa, onde é necessária muita aplicação para uma compreensão mínima. Além disso, o livro cita em suas entrelinhas algumas profecias e fatos ocorridos na história da humanidade.

Segundo o Livro da Lei, os deuses se revezam na condução dos destinos dos planetas por um período de 2000 anos. Cada um de seus três capítulos faz referência a uma era (Aeon) da evolução humana. O primeiro capítulo caracteriza o Aeon de Ísis: regido pelo arquétipo da divindade feminina. Quando o Universo é concebido como alimento direto da deusa.

O segundo capítulo está relacionado ao Aeon de Osíris, onde predomina o arquétipo do deus morto e o domínio das religiões patriarcais (talvez uma alusão ao Cristianismo). Neste período que se inicia aproximadamente em 500 a. C., a humanidade sofrerá as revoluções necessárias e inerentes à sua evolução: catástrofes, amor, morte e ressurreição.

O terceiro e último capítulo descreve o início do Aeon de Horus, filho de Isis e Osíris. Neste período que é inaugurado em 1904, cada ser se caracterizará como célula única da humanidade, e o desenvolvimento individual será essencial para a iluminação do coletivo. Este é o período do crescimento da criança (humanidade) através de suas próprias experiências. A Lei é a Vontade, que será revelada integralmente, e o Thelema se estabelecerá como a bússola da espiritualidade humana.

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sexta-feira, 28 de março de 2008

Um Antigo Computador Grego

Em 1901 mergulhadores trabalhando perto da ilha de Antikythera encontraram os restos de um mecanismo parecido com o de um relógio de 2.000 anos de idade. O mecanismo parece ter sido um dispositivo para calcular os movimentos de estrelas e planetas.


Entre os tesouros do Museu Arqueológico Nacional Grego em Atenas estão os restos do mais complexo objeto científico preservado da Antiguidade. Corroído e desmanchando de 2.000 anos debaixo do mar, seus mostradores [dials], rodas de engrenagem e discos inscritos apresentam ao historiador um problema atormentador. Por causa deles nós podemos ter que revisar muitas de nossas estimativas da ciência grega. Ao estudá-los podemos encontrar pistas vitais às verdadeiras origens dessa alta tecnologia científica que até agora pareceram peculiares à nossa civilização moderna, separando-a de todas as culturas do passado.

Da evidência dos fragmentos uma pessoa pode obter uma boa idéia da aparência do objeto original. Consistindo externamente em uma caixa com mostradores e um conjunto muito complexo de engrenagens montado internamente, deve ter se assemelhado a um relógio bem-feito do século XVIII. Portas colocadas com dobradiças à caixa serviram para proteger os mostradores, e em todas superfícies disponíveis da caixa, portas e mostradores havia longas inscrições gregas descrevendo a operação e construção do instrumento. Pelo menos 20 engrenagens do mecanismo foram preservadas, inclusive um conjunto muito sofisticado de engrenagens que eram montadas excentricamente em uma plataforma giratória e provavelmente funcionaram como um tipo de sistema de engrenagens epicíclico ou diferencial.

Nada como este instrumento está preservado em qualquer outro lugar. Nada comparável a ele é conhecido de qualquer texto científico antigo ou referência literária. Pelo contrário, de tudo que nós conhecemos da ciência e tecnologia na Era Helenística nós deveríamos ter achado que tal dispositivo não poderia existir. Alguns historiadores sugeriram que os gregos não estavam interessados em experimentação por causa de um desprezo -- talvez induzido pela existência da instituição da escravidão -- pelo trabalho manual. Por outro lado é reconhecido há muito tempo que em matemática abstrata e em matemática astronômica eles não eram nada novatos mas mais próximos de "colegas de outra faculdade" que alcançaram grandes níveis de sofisticação. Muitos dos dispositivos científicos gregos conhecidos a nós de descrições escritas mostram muita engenhosidade matemática, mas em todos os casos a parte puramente mecânica do projeto parece relativamente primitiva. A engrenagem era claramente conhecida pelos gregos, mas era usada apenas em aplicações relativamente simples. Eles empregaram pares de engrenagens para mudar a velocidade angular ou a vantagem mecânica, ou para aplicar força através de um ângulo reto, como um moinho movido à água.

Até mesmo os dispositivos mecânicos mais complexos descritos pelos escritores antigos Hierão de Alexandria e Vitrúvio continham somente engrenagens simples. Por exemplo, o taxímetro usado pelos gregos para medir a distância percorrida pelas rodas de uma carruagem empregava apenas pares de engrenagens (ou engrenagens e roscas) para alcançar a relação necessária de movimento. Poderia ser dito que se os gregos conheciam o princípio de engrenagens, eles não deveriam ter tido nenhuma dificuldade em construir mecanismos tão complexos quanto engrenagens epicíclicas. Nós sabemos agora dos fragmentos no Museu Nacional que os gregos de fato construíram tais mecanismos, mas o conhecimento é tão inesperado que alguns estudiosos pensaram no princípio que os fragmentos deviam pertencer a um dispositivo mais moderno.


Localização da ilha de Antikythera
Nós podemos estar realmente seguros de que o dispositivo é antigo? Se nós podemos, qual era seu propósito? O que ele pode nos contar do mundo antigo e da evolução da ciência moderna? Para autenticar a datação dos fragmentos nós devemos contar a história de sua descoberta, que envolve a primeira (embora inadvertida) aventura em arqueologia subaquática. Pouco antes da Páscoa em 1900 um grupo de mergulhadores de esponja Dodecaneses foi conduzido por uma tempestade a ancorar perto da pequena ilha ao sul da Grécia chamada Antikythera (a sílaba tônica está no "kyth"). Lá, a uma profundidade de uns 200 pés, eles descobriram os destroços de um navio antigo. Com a ajuda de arqueólogos gregos os destroços foram explorados; várias estátuas de bronze e mármore e outros objetos foram recuperados. Os achados criaram grande excitação, mas as dificuldades de mergulhar sem equipamento pesado eram imensas, e em setembro de 1901, a "escavação" foi abandonada. Oito meses depois Valerios Sta+s, um arqueólogo do Museu Nacional, estava examinando alguns pedaços calcificados de bronze corroído que tinham sido colocados de lado como possíveis pedaços de estatuária quebrada. De repente ele reconheceu entre eles os fragmentos de um mecanismo.

É aceito agora que o naufrágio do navio dos destroços ocorreu durante o primeiro século A.C. Gladys Weinberg de Atenas foi gentil o bastante para reportar a mim os resultados de vários exames arqueológicos recentes da ânfora, cerâmica e objetos secundários do navio. Parece do relatório dela que poderíamos datar mais razoavelmente o naufrágio como mais próximo a 65 A.C. +/-15 anos. Além disso, uma vez que os objetos identificáveis vêm de Rodes e Cos, parece que o navio pode ter estado navegando destas ilhas para Roma, talvez sem passar pelo continente grego.

O fragmento que chamou primeiro a atenção de Sta+s era um dos discos inscritos corroídos que é uma parte integrante do mecanismo de Antikythera, como o dispositivo passou a ser chamado posteriormente. Sta+s viu imediatamente que a inscrição era antiga. Na opinião do epígrafo Benjamim Dean Meritt, as formas das letras são aquelas do primeiro século A.C.; elas dificilmente poderiam ser mais antigas que 100 A.C. ou mais recentes que o tempo de Cristo. A datação é apoiada pelo conteúdo das inscrições. As palavras usadas e o sentido astronômico delas são todos deste período. Por exemplo, o pedaço mais extenso e completo da inscrição faz parte de um parapegma (calendário astronômico) semelhante àquele escrito por um Geminos, que se acredita ter vivido em Rodes em aproximadamente 77 A.C. Nós podemos estar assim razoavelmente seguros de que o mecanismo não se inseriu nos destroços em algum período posterior. Além disso, não pode ter sido muito antigo quando foi levado a bordo do navio como saque ou mercadoria.

Assim que os fragmentos foram descobertos eles foram examinados por todo arqueólogo disponível; assim começou o processo longo e difícil de identificar o mecanismo e determinar sua função. Algumas coisas estavam desde o princípio claras. A importância sem igual do objeto era óbvia, e a engrenagem era impressionantemente complexa. Das inscrições e mostradores o mecanismo foi identificado corretamente como um dispositivo astronômico. A primeira conjectura foi a de que era algum tipo de instrumento de navegação, talvez um astrolábio (um tipo de mapa circular para encontrar estrelas também usado para observações simples). Alguns pensaram que poderia ser um planetário pequeno do tipo que se diz que Arquimedes teria feito. Infelizmente os fragmentos estavam cobertos por uma capa grossa de material calcificado e produtos de corrosão, e estes esconderam tanto detalhe que ninguém podia estar seguro de suas conjecturas ou reconstruções. Não havia nada a fazer exceto esperar pelo trabalho lento e delicado dos técnicos do Museu em remover esta capa. No meio tempo, enquanto o trabalho prosseguia, vários estudiosos publicaram relatos de tudo que estava visível, e pelos trabalhos dele um quadro geral do mecanismo começou a emergir.


Com base nas novas fotografias feitas para mim pelo Museu em 1955 eu percebi que o trabalho de limpeza havia alcançado um ponto onde poderia ser afinal possível levar o trabalho de identificação a um outro nível. No verão passado, com a ajuda de uma concessão da Sociedade Filosófica americana, pude visitar Atenas e fazer um exame minucioso dos fragmentos. Por sorte estava lá ao mesmo tempo George Stamires, um epígrafo grego; ele pôde me dar ajuda inestimável ao decifrar e transcrever muito mais das inscrições do que havia sido lido antes. Nós estamos agora na posição de poder "juntar" os fragmentos e ver como eles se encaixavam na máquina original e quando eles foram trazidos do mar [veja ilustração ao lado]. O sucesso deste trabalho foi muito significante, uma vez que previamente se supunha que vários mostradores e placas haviam sido muito esmagados e distorcidos. Parece agora que a maioria das peças está muito próxima das suas posições originais e que nós temos uma fração muito maior do dispositivo completo do que se pensava. Este trabalho também provê uma pista ao quebra-cabeça de por que os fragmentos permaneceram sem reconhecimento até que Sta+s os viu. Quando eles foram achados, os fragmentos provavelmente estavam unidos em suas posições originais pelos restos da armação de madeira da caixa. No Museu a madeira encharcada secou e contraiu-se. Os fragmentos então se despedaçaram, revelando o interior do mecanismo, com suas engrenagens e placas inscritas. Como resultado dos novos exames nós poderemos no tempo devido publicar um relatório técnico dos fragmentos e da construção do instrumento. Enquanto isso nós podemos resumir alguns destes resultados e mostrar como eles ajudam a responder a pergunta: "O que é isto?" Há quatro modos de chegar à resposta. Primeiro, se nós soubéssemos os detalhes do mecanismo, nós deveríamos saber o que ele fazia. Segundo, se nós pudéssemos ler os mostradores, poderíamos contar o que eles mostravam. Terceiro, se nós pudéssemos entender as inscrições, elas poderiam nos contar sobre o mecanismo. Quarto, se nós conhecêssemos qualquer mecanismo semelhante, analogias poderiam ser úteis. Todas estas abordagens devem ser usadas, uma vez que nenhuma delas é completa.

As rodas engrenadas dentro do mecanismo estavam montadas em um disco de bronze. Em um lado do disco nós podemos localizar todas as rodas de engrenagem da montagem e podemos determinar, pelo menos aproximadamente, quantos dentes cada uma teve e como eles se encaixavam. No outro lado podemos fazer quase o mesmo, mas ainda nos faltam ligações vitais que proveriam um quadro completo das engrenagens. O padrão geral do mecanismo está no entanto bastante claro. Uma força motriz era provida por um eixo que passava através do lado da caixa e girava uma roda de engrenagem em coroa. Esta movia uma grande roda motriz com quatro raias que estava conectada a dois trens de engrenagens que respectivamente conduziam para cima e para baixo do disco e estavam conectados através dos eixos a engrenagens no outro lado do disco. Naquele lado os trens de engrenagens continuavam, conduzindo a uma plataforma giratória epicíclica e eventualmente a um jogo de hastes que giravam os ponteiros do mostrador. Quando o eixo de entrada era girado, todos os ponteiros se moviam a várias velocidades pelos seus mostradores.

Certas características estruturais do mecanismo merecem atenção especial. Todas as partes de metal da máquina parecem ter sido cortadas de uma única folha de bronze e latão [low-tin bronze] de aproximadamente dois milímetros de espessura; nenhuma parte foi fundida ou feita de outro metal. Há indícios de que o fabricante pode ter usado uma folha de metal feita muito tempo antes, discos de metal uniformes de qualidade boa eram provavelmente raros e caros. Todas as rodas de engrenagem foram feitas com dentes exatamente do mesmo ângulo (60 graus) e tamanho, de forma que qualquer roda poderia se encaixar em qualquer outra. Há sinais de que a máquina foi consertada pelo menos duas vezes; um dente da roda motriz foi reparado, e um dente quebrado em uma roda pequena foi substituído. Isto indica que a máquina realmente funcionou.
A caixa dispunha de três mostradores, um à frente e dois atrás. Os fragmentos de todos eles ainda estão cobertos com pedaços das portas da caixa e com outros resíduos. Muito pouco pode ser lido nos mostradores, mas há esperança de que eles possam ser limpos o suficiente para prover informação que poderia ser decisiva. O mostrador dianteiro está limpo o bastante para mostrar o que ele fazia exatamente. Tem duas escalas, uma das quais é fixa e exibe os nomes dos signos do zodíaco; a outra está em um anel de deslize móvel e mostra os meses do ano. Ambas as escalas estão cuidadosamente marcadas em graus. O mostrador dianteiro se encaixava exatamente sobre a roda motriz principal, que parece ter girado o ponteiro por meio de uma montagem do tambor excêntrica. Claramente este mostrador indicava o movimento anual do sol no zodíaco. Por meio de letras fundamentais inscritas na escala de zodíaco, correspondendo a outras letras no disco do calendário parapegma, também indicava as principais elevações e poentes de estrelas brilhantes e constelações ao longo do ano.

Os mostradores da parte de trás são mais complexos e menos legíveis. O mais baixo tinha três anéis de deslize; o superior, quatro. Cada um possuía um mostrador pequeno subsidiário que se assemelha ao mostrador de "segundos" de um relógio. Cada um dos mostradores grandes está inscrito com linhas a cada seis graus, e entre as linhas há letras e números. No mostrador mais baixo as letras e números parecem ler "lua, tantas horas; sol, tantas horas"; nós sugerimos então que esta escala indica os fenômenos lunares principais das fases e tempos de subida e poente. No mostrador superior estão aglomeradas muito mais as inscrições e poderiam apresentar muito bem informação sobre as subidas e poentes, estações e retrogradações dos planetas conhecidos aos gregos (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno).

Alguns dos detalhes técnicos dos mostradores são especialmente interessantes. O mostrador dianteiro fornece o único espécime extenso conhecido da antiguidade de um instrumento cientificamente graduado. Quando nós medimos a precisão das graduações sob o microscópio, descobrimos que o erro médio acima dos 45 graus visíveis é de cerca de um quarto de grau. O modo pelo qual o erro varia sugere que o arco foi dividido primeiro geometricamente e então subdividido à mão livre. Ainda mais importante, este mostrador pode fornecer meios de datar o instrumento astronomicamente. O anel de deslize é necessário porque o calendário egípcio antigo, não tendo nenhum ano bissexto, caía em erro de 1/4 dia todos os anos; a escala de mês teve então que ser ajustada nesse valor. Como estão preservadas as duas escalas do mostrador estão fora de fase em 13½ graus. Tabelas padrão mostram que este valor só poderia ocorrer no ano 80 A.C. e (porque nós não sabemos o mês) em todos 120 anos (i.e., 30 dias divididos por 1/4 dia por ano) antes ou depois daquela data. As datas alternativas são arqueologicamente improváveis: 200 A.C. é muito antigo; 40 D.C. é muito recente. Conseqüentemente, se o anel de deslize não se moveu de sua última posição, ele foi ajustado em 80 A.C. Além disso, se nós estivermos certos supondo que uma marca fiducial perto da escala de mês foi posta lá originalmente para fornecer um meio de corrigir aquela escala no caso de movimento acidental, nós podemos contar mais. Esta marca está exatamente 1/2 grau distante da posição presente da escala, e isto implica que a marca foi feita dois anos antes do ajuste. Assim, embora a evidência não seja de forma alguma conclusiva, nós somos levados a sugerir que o instrumento foi feito aproximadamente em 82 A.C., usado durante dois anos (tempo bastante para os consertos terem sido necessários) e então levado pelo navio dentro dos próximos 30 anos.


Os fragmentos mostram que o instrumento original carregava quatro áreas grandes de inscrição pelo menos: fora da porta frontal, dentro da porta traseira, no disco entre os dois mostradores traseiros e nos discos do parapegma próximos do mostrador dianteiro. Como eu notei, também há inscrições ao redor de todos os mostradores, e além disso cada parte e buraco parece ter tido letras identificadores de forma que os pedaços pudessem ser montados juntos na ordem e posição corretas. As inscrições principais estão em um estado lamentável e só pedaços curtos delas podem ser lidos. Para fornecer uma idéia da condição delas só precisa ser dito que em alguns casos o disco desapareceu completamente, deixando para trás uma impressão de suas letras, levantando-se em uma imagem espelho em relevo nos produtos de corrosão macios no disco abaixo. É notável que possam ser lidas tais inscrições.

Mas até mesmo da evidência de algumas palavras completas pode-se adquirir uma idéia do assunto envolvido. O sol é mencionado várias vezes, e o planeta Vênus uma vez; termos são usados que se referem às estações e retrogradações de planetas; o ecliptico é nomeado. São mencionados ponteiros, aparentemente aqueles dos mostradores. Uma linha de uma inscrição significantemente registra "76 anos, 19 anos". Isto se refere ao famoso ciclo Calípico de 76 anos que é quatro vezes o ciclo Metônico de 19 anos ou 235 meses sinódicos (lunares). A próxima linha inclui o número "223" que se refere ao ciclo de eclipse de 223 meses lunares.

Reunindo a informação acumulada até aqui, parece razoável supor que todo o propósito do dispositivo de Antikythera era justamente mecanizar este tipo de relação cíclica que era uma característica forte da astronomia antiga. Usando os ciclos que foram mencionados, uma pessoa poderia facilmente projetar engrenagens que operariam de um mostrador tendo uma roda que revolvia anualmente, e girariam por esta engrenagem uma série de outras rodas que moveriam ponteiros indicando os meses siderais, sinódicos e draconíticos. Ciclos semelhantes eram conhecidos para os fenômenos planetários; de fato, este tipo de teoria aritmética é o tema central da astronomia babilônica Seleucida que foi transmitida para o mundo helenístico nos últimos séculos antes de Cristo. Tais esquemas aritméticos são bastante distintos da teoria geométrica de círculos e epiciclos em astronomia que parece ter sido essencialmente grega. Os dois tipos de teoria foram unificados e levados ao seu ápice no segundo século D.C. por Claudius Ptolomeu, cujo trabalho marcou o triunfo da nova atitude matemática frente aos modelos geométricos que ainda caracterizam a física hoje.

O mecanismo de Antikythera deve ser então uma contraparte aritmética dos modelos geométricos muito mais familiares do sistema solar que eram conhecidos de Platão e Arquimedes e evoluíram no planetário. O mecanismo é como um grande relógio astronômico sem um escapo, ou como um computador análogo moderno que usa partes mecânicas para poupar cálculo tedioso. É uma pena que nós não tenhamos nenhum modo de saber se o dispositivo era girado automaticamente ou à mão. Poderia ter sido segurado na mão e poderia ter sido virado por uma roda ao lado de forma que operaria como um computador, possivelmente para uso astrológico. Eu acho que é mais provável que estivesse permanentemente montado, talvez embutido em uma estátua e mostrado como uma peça de exposição. Nesse caso poderia muito bem ter sido girado pela força de um relógio de água ou algum outro dispositivo. Talvez seja justamente tal dispositivo maravilhoso que estava montado no interior da famosa Torre dos Ventos em Atenas. É certamente bem parecido aos grandes relógios de catedral astronômicos que foram construídos na Europa por toda parte durante o Renascimento.


É na pré-história do relógio mecânico que nós temos que procurar analogias importantes ao mecanismo de Antikythera e para uma avaliação de sua significação. Ao contrário de outros dispositivos mecânicos, o relógio não evoluiu do simples ao complexo. Os relógios mais antigos dos quais nós estamos bem informados eram os mais complicados. Toda a evidência aponta ao fato de que o relógio começou como uma obra de exposição astronômica que incidentalmente também indicava a hora. Gradualmente as funções de horário ficaram mais importantes e o dispositivo que mostrava o maravilhoso mecanismo de relógio dos céus tornou-se subsidiário. Por trás dos relógios astronômicos do século XIV se estende uma sucessão ininterrupta de modelos mecânicos de teoria astronômica. Na origem desta sucessão está o mecanismo de Antikythera. Sucedendo-o estão instrumentos e computadores parecidos com relógio conhecidos do Islã, da China e Índia e da Idade Média européia. A importância desta linha é muito grande, porque foi a tradição de relojoaria que preservou a maior parte da habilidade do homem em mecânica de precisão científica. Durante o Renascimento os fabricantes de instrumentos científicos evoluíram dos relojoeiros. Assim, de certo modo o mecanismo de Antikythera é o progenitor venerável de toda nossa presente pletora de instrumentos científicos.

Uma passagem significante nesta história tem a ver com os computadores astronômicos do Islã. Preservado completo no Museu de História da Ciência em Oxford está um computador-calendário islâmico do século XIII que tem vários períodos construídos nele, de forma que exibe em mostradores os vários ciclos do sol e da lua. Este design pode ser traçado de volta, com períodos ligeiramente diferentes mas um arranjo semelhante de engrenagens, a um manuscrito escrito pelo astrônomo al-Biruni em aproximadamente 1000 D.C. Tais instrumentos são muito mais simples que o mecanismo de Antikythera, mas eles mostram tantos pontos em comum em detalhe técnico que parece claro que vieram de uma tradição comum. Os mesmos dentes de engrenagem de 60-graus são usados; as rodas estão montadas em eixos com hastes quadradas; o layout geométrico da montagem de engrenagem aparece comparável. Foi exatamente nessa época que o Islã estava se aprofundando no conhecimento grego e redescobrindo textos gregos antigos. Parece provável que a tradição de Antikythera era parte de um corpo grande de conhecimento que foi perdido a nós, mas foi conhecido aos árabes. Foi desenvolvido e transmitido por eles para a Europa medieval onde se tornou a fundação para toda a gama de invenção subseqüente no campo de mecanismos de relógios.

Por um lado os dispositivos islâmicos enredam toda a história junta, e demonstram que é por ascendência e não mera coincidência que o mecanismo de Antikythera se assemelha a um relógio moderno. Por outro lado eles mostram que o mecanismo de Antikythera não era nenhum espasmo, mas parte de uma corrente importante na civilização helenística. A História conspirou para manter essa corrente obscura a nós e só a preservação subaquática acidental de fragmentos que teriam do contrário virado pó a trouxe à luz agora. É um pouco assustador saber que pouco antes do declínio de sua grande civilização os gregos antigos chegaram tão perto de nossa era, não só em seu pensamento, mas também em sua tecnologia científica.

***

Notas Ceticismo Aberto: Artigo traduzido da transcrição disponível na página de Rupert Russel sobre o mecanismo de Antikythera. Devem existir mais erros de tradução que o normal, devido aos diversos temas envolvidos. O trabalho de de Solla Price concluído em 1975 pode com sorte ser adquirido em um exemplar usado através da Amazon: Gears from the Greeks. As imagens nesta página foram adicionadas e comentadas pelo editor 'Ceticismo Aberto', para ver as ilustrações do artigo original basta conferir a transcrição referida acima.

Grigori Yefimovich Novykh

A trajetória de Grigori Yefimovich Novykhn tem início na década de 1860. Mas há muitas incertezas em relação ao seu nascimento. Especula-se que tenha sido em 23 de janeiro de 1864, na pequena aldeia de Pokrovskoe, Sibéria. Outras fontes afirmam que o ano de seu nascimento está entre 1869 e 1872.

Pobre e parcialmente alfabetizado, o jovem Grigori atravessou sua infância e adolescência na região natal. Provavelmente, ajudando ao pai camponês nas tarefas diárias, e divertindo-se com mulheres, vodka e envolvendo-se em brigas com vizinhos. Por este motivo, logo ganhou o apelido de Rasputinik (Rasputin - equivalente à Pervertido).

Por outro lado, sua terra natal era de religiosidade e misticismo muito intensos. Principalmente porque ali próximo estavam depositados, numa igreja, os restos mortais de São Simão. O jovem Rasputin cresceu influenciado por esta atmosfera. Conta-se que, em sua juventude, já dava alguns sinais de possuir uma percepção especial, ou capacidade de predizer fatos futuros. Certa vez, um político chamado Stolypin passava de carruagem por uma estrada. O jovem Rasputin, que passava ao lado, acenou e gritou ao viajante: "A morte é para você. A morte está se aproximando!". Incrivelmente, no dia seguinte, o político foi ferido por balas e morreu dias depois.

Aos dezoito anos, Grigori Rasputin teve um encontro com o bispo de Barnaull. Em seguida, inesperadamente, passou a interessar-se por religião e decidiu viajar ao mosteiro de Verkhoture. Foi nesta viagem que entrou em contato com uma seita conhecida como Khlysty (Flagelantes), a qual pregava que o ato sexual era uma forma de obter a salvação espiritual. Sua passagem no mosteiro não foi longa, mas o fez entrar em contato com os preceitos e a disciplina religiosa.

Pouco tempo depois retorna à terra natal e casa-se com uma jovem chamada Praskovia Fyodorovna. Este matrimônio rendeu três filhos ao casal: Dimitri, Maria e Varvara, nascidos em 1897, 1898 e 1900, respectivamente (outras fontes especulam quatro filhos do casal). Porém, o casamento foi breve e Rasputin abandonou o lar. Quando conheceu um místico conhecido por Makaria, decidiu vagar pelo mundo. Em suas andanças, visitava preferencialmente, locais de peregrinação religiosa, como o Monte Athos, Grécia e Jerusalém. Paralelamente, ao longo de suas caminhadas, espalhavam-se as lendas de que aquele jovem possuía poderes especiais e era capaz de curar enfermos e prever o futuro. Mesmo que, em sua passagem pelo mosteiro de Verkhoture, não tenha recebido nenhum tipo de treinamento espiritual e tampouco tenha sido ordenado monge, muitas pessoas, desconhecendo seu passado conturbado, passaram a considerá-lo um sábio religioso.

Os habitantes das regiões por onde Rasputin passava, o procuravam em busca de suas bênçãos; em troca, ofereciam-lhe comida, roupas e dinheiro. Em pouco tempo, ganhou a condição de "homem santo" e sua fama disseminou-se nas aldeias da Europa Central. Rasputin contava que, um dia, arando as terras, recebeu uma revelação divina. Surgiu-lhe um anjo que entoou um canto místico e lhe atribuiu a missão espiritual de ajudar os necessitados.

De volta à terra natal, Rasputin é recebido pelo bispo Theophan e ganha notoriedade entre os religiosos da região; mas sua presença também gera desconforto em alguns. O Monge Iliodor era um de seus opositores. Conta-se que este monge, certa vez, enviou à casa de Rasputin, uma mulher para seduzi-lo e depois esfaqueá-lo. Rasputin foi esfaqueado mas sobreviveu.

O Bruxo dos czares

Em 1902, Rasputin desloca-se para a cidade de São Petersburgo e Kazan, onde agregou alguns discípulos e criou um grupo místico denominado Polite Society, baseado nos princípios da Khlysty. Sua imagem de camponês simples e sem ambição foi significativa para que conquistasse confiança e simpatia junto aos moradores da região. A influência que a Polite Society exercia e o poder de persuasão de Rasputin, amenizavam a fama que seu envolvimento com prostitutas e bebidas lhe atribuía.

Nesse mesmo momento, as autoridades clericais da Rússia procuravam por um líder que transitasse entre a alta classe da sociedade, a nobreza e as classes inferiores, e pudesse reunir todas sob a influência da Igreja. Rasputin trazia todas essas características. Mas sua fama junto aos czares teve início em 1905, quando Anya Vyrubova, amiga próxima da czarina Alexandra Fedorovna, entrou em coma após ferir-se gravemente quando o trem em que viajava descarrilou. Os médicos já haviam perdido a esperança de curá-la quando Rasputin foi chamado. O místico, ajoelhado ao lado da cama da vítima, segurou sua mão e chamou-a pelo nome. Assim continuou por horas seguidas; até que a vítima, de forma inexplicável, despertou. Rasputin, com as roupas umedecidas de suor, desmaiou exausto.

Totalmente recuperada, Anya narrava à czarina as proezas curativas do místico. Quando a doença de Tsarevich Alexei Romanov se agravava, Rasputin era imediatamente solicitado e ajoelhava-se ao lado do leito da criança, por várias horas se necessário, pronunciando em profusão uma espécie de oração em um idioma desconhecido e a saúde de Alexei era restabelecida.

Desse modo, o "bruxo" ganhou confiança e credibilidade entre os czares. Porém, Nicolas, sentindo-se desconfortável com a presença de um "monge devasso" em seu palácio e com o grau de intimidade que ele desfrutava com a czarina Alexandra, despachou o místico para a Sibéria. Por outro lado, a czarina, sensibilizada pela doença e pelo sofrimento do filho hemofílico nascido em 1904, passava a considerar a hipótese de recorrer novamente a Rasputin pela saúde da criança, caso fosse necessário.

Numa noite de outubro de 1912, Alexei sofria intensamente pela dor causada pela hemorragia hemofílica. Desesperada, a czarina enviou um telegrama solicitando o auxílio de Rasputin. O místico respondeu imediatamente, dizendo que Alexei não ia morrer e o sangramento ia cessar. Conta-se que, assim que o telegrama de Rasputin chegou às mãos da czarina, Alexei obteve uma melhora súbita. A czarina Alexandra atribuiu este fato aos poderes de Rasputin, passando a exigir sua presença constantemente no palácio, como se a saúde do herdeiro dependesse deste fato. Sensibilizado e agradecido, o czar Nicolas II não apenas aceitou a presença de Rasputin no palácio, como passou a respeita-lo como um "líder extra-oficial", ou um sábio conselheiro do trono.

Desse modo, o "médico Rasputin" restabeleceu em si a confiança da alta cúpula russa e passou a atender também os cidadãos comuns que almejavam uma consulta, realizando "pequenos milagres" e promovendo algumas curas prodigiosas. Ao mesmo tempo em que Rasputin ganhava fama com as mulheres, principalmente da alta sociedade, conquistava também trânsito livre no palácio dos Romanov, como um chefe de estado ou um primeiro-ministro. Por outro lado, a inveja do príncipe Felix Yussupov e de outros líderes russos, crescia na mesma proporção que se desenvolvia a influência de Rasputin entre os Romanov.

O Bruxo e a Dinastia em declínio

Em setembro de 1915, quando as tropas russas estavam em desvantagem na I Guerra, Nicolas abandonou o trono temporariamente para liderar o exército. Rasputin já havia manifestado sua oposição com o fato da Rússia combater o império Austro-húngaro e alemão. A ausência do czar no palácio deu mais liberdade a Rasputin, que passou a influenciar ativamente nas decisões políticas do país.

Conta-se que certa vez, embriagado, Rasputin declarou na presença de muitas pessoas que era ele quem mandava na Rússia e que a czarina estava aos seus pés. Ainda, Alexandra Fedorovna não era de nacionalidade russa, e sim austríaca; sendo a Áustria uma das nações inimigas da Rússia. Isto levou a uma onda de suposições de que a czarina traía os ideais russos e sua aproximação com Rasputin, gerou também, boatos sobre uma suposta relação extra-conjugal da czarina.

Quando Nicolas retornou ao seu país, encontrou a população faminta e flagelada, a dinastia Romanov, seu trono e sua hombridade, sob contestação popular. Rasputin e Alexandra foram considerados pelo povo os maiores responsáveis por esta situação caótica. Aos olhos do povo, o místico era quem havia enfeitiçado e ludibriado os governantes visando apenas conforto social e poder político; a czarina era a traidora austríaca que levara ao declínio a nação que a acolheu.

Um paliativo para esta situação seria eliminar a presença de Rasputin, não apenas do palácio, mas de toda a Rússia. Desse modo, sem que Nicolas soubesse, foi engendrado pelos comandantes russos um meio de assassinar Rasputin. Participaram desta armação, o príncipe Felix Yussupov, um deputado de extrema-direita chamado Purishkevitch, o oficial Sukhotin, o médico Lazovert, e o grão-duque Dmitri, da própria família real.

O Assassinato

O plano consistia num convite do príncipe Felix Yussupov ao místico para que o visitasse em sua residência, sobre o canal do Mojka, um dos condutos que levava ao Rio Neva, em São Petersburgo. Nesta ocasião seria servido um jantar a Rasputin. Um dos argumentos era de que a esposa do príncipe, a bela Irene Alexandrovna, necessitava consultar-se com o sábio.

Atendendo ao convite, na noite de 16 de dezembro de 1916, Rasputin foi visitar Yussupov. O místico foi levado ao porão da mansão, onde lhe serviram o jantar, sob a alegação de que Irene logo iria vê-lo. Após uma série de brindes com vinho envenenado, o bruxo não suportou e caiu sobre um sofá e deslizou para o chão do aposento. Youssoupov, vendo Rasputin caído e supondo que estava morto, chamou os comparsas que aguardavam no andar de cima. Entretanto, mesmo após uma ingestão incrivelmente alta de veneno, o místico levantou-se do chão. Youssoupov disparou duas vezes contra Rasputin; Purishkevitch entrou no aposento e descarregou sua arma de fogo sobre o corpo do bruxo que ainda tentou estrangular o príncipe e fugir em seguida. Mas não suportou e sucumbiu. O corpo imóvel do bruxo foi amarrado e castrado; em seguida, jogado nas águas frias do Rio Neva, sendo encontrado três dias depois e enterrado. Em fevereiro do ano seguinte, o corpo foi exumado e queimado pela multidão. Dias depois, numa autópsia, o coração de Rasputin foi retirado e guardado na Academia Militar de Medicina. Em 1930, o coração sumiu misteriosamente.

Na ocasião de seu assassinato, o veneno não surtiu o efeito desejado, provavelmente, devido a uma cirrose que "filtrou" a substância e atenuou seu efeito no organismo. Na véspera do Natal de 1916, a czarina prestou-lhe uma homenagem fúnebre. Nos autos legais, o óbito foi citado como morte acidental.

Ainda, conta-se que Rasputin teria previsto sua morte e profetizado uma tragédia. Numa carta enviada ao czar, o bruxo dizia que se Nicolas ou algum de seus familiares tivesse a intenção de assassiná-lo, nem o czar nem ninguém de sua família viveria por mais de dois anos. O fato é que dezenove meses após a morte do místico, o czar e toda sua família foram executados por revolucionários bolchevistas.

Rasputin em um século

O homem chamado Grigori Yefimovich Novykhn, que assumiu, de forma irônica e desafiadora, o apelido pejorativo que lhe foi dado; foi um camponês que, sem cultura, poder político ou financeiro, alcançou um dos mais altos postos do governo russo.

Não é possível afirmar que realmente possuía "dons especiais" ou era apenas um hábil hipnotizador. Desde a data exata de seu nascimento, seu nível de instrução, ascensão e queda política, e até sua morte, são alvos de especulações. Mesmo se fosse um místico, ou um ser espiritualmente elevado, não deixou um tratado ou um livro referencial. Algumas fontes cogitam que Rasputin possuía um comportamento rude e pernicioso; mas era extremamente hábil em suas palavras e argumentos, fato que certamente foi um dos principais trunfos de sua vida.

Ainda, especula-se que chegou a conhecer pessoalmente o mago inglês Aleister Crowley (fundador da doutrina Thelema). Hipóteses menos confiáveis afirmam que o bruxo ainda vive e teria sido fotografado. Outro fato curioso é que o pênis de Rasputin, conservado em substâncias químicas, encontra-se exposto atualmente num museu erótico na cidade de São Petersburgo. Numa publicação recente, o livro "Rasputin: a última palavra", do historiador russo Edvard Radzinski, desmente alguns mitos, mas reafirma que houve um caso amoroso com Alexandra.

De qualquer forma, toda sua biografia é repleta de lacunas que dão vazão à divagações de estudiosos e de meros curiosos. Mas, certamente, são essas incertezas que fazem de Rasputin um dos personagens mais intrigantes e misteriosos da história recente da humanidade.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

POSIÇÕES SEXUAIS E SEUS PECADOS (EDIR MACEDO)

POSIÇÕES SEXUAIS E SEUS PECADOS


Retirada do livro 'Castigo Divino' da Igreja Universal do Reino de Deus - (Edir Macedo) AUTOR : Bispo Edir Macedo Vejam os comentários sobre o pecado das seguintes posições sexuais:

Posição de quatro: É uma das posições mais humilhantes para a mulher, pois ela fica prostrada como um animal enquanto seu parceiro ajoelhado a penetra. Animais são seres que não possuem espírito, então o homem que faz o cachorrinho com sua parceira fica com sua alma amaldiçoada e fétida.

Sexo Oral: O prazer de levar um órgão sexual a boca é condenado pelas leis divinas. A boca foi feita para falar e ingerir alimentos e a língua para apreciar os sabores. A mulher engolindo o sêmen não vai ter filhos. E o homem somente sentirá dores musculares na língua ao sugar a vagina de sua parceira.

Sexo Anal: O ânus é sujo, fétido e possui em suas paredes milhões de bactérias. É o esgoto propriamente dito. No esgoto só existem ratos, baratas e mendigos. A pessoa que sodomia ou é sodomizada ela se iguala a um rato pestilento. Seu espírito permanece imundo e amaldiçoado. Mas o pior é quando o ato é homossexual, pois o passaporte dessa infeliz criatura já está carimbado nos confins do inferno.

Veja a maneira certa de se relacionar sexualmente, segundo a cartilha:

Posição Recomendada:
O homem e a mulher devem lavar suas partes com 1 litro de água corrente misturado com uma colher de vinagre e outra de sal grosso. Após isso, a mulher deve abrir as pernas e esperar o membro enrijecido do seu parceiro para iniciar a penetração. O homem após penetrar a mulher, não deve encostar seu peito nos seios dela, pois a fêmea deve estar orando ao Senhor para que seu óvulo esteja sadio ao encontrar o espermatozóide. Depois do ato sexual, Os dois devem orar, pedindo perdão pelo prazer proibido do orgasmo. Como penitência... O açoite com vara de bambu é aceito em forma de purificação.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

UFOs Nazistas



A idéia de que UFOs seriam pelo menos em parte naves nazistas é infundada, e em grande parte fraudulenta. Nenhum dos projetos, desenhos e documentos mais "interessantes" de discos voadores nazistas têm sua origem investigável de volta à realidade. Há várias estórias, mas pouco fato verificável.

O mais alarmante a respeito desta fraude é a séria apologia ao nazismo e à idéia de raça ariana (ETs loiros de olhos azuis como seres superiores). Em uma das variantes destas lendas, a ideologia nacional-socialista não seria nada menos que resultado da influência de seres alienígenas avançados. Ernst Zundel, um famoso revisionista que nega a realidade do holocausto judeu, é também um promotor das lendas de UFOs nazistas. Ele escreveu um livro muito citado nesta mitologia, 'UFOs: Nazi Secret Weapon', sob o pseudônimo de Mattern Friedrich (ou também Christof Friedrich).

A associação entre OVNIs e armas nazistas secretas não é nova. Antes mesmo dos 'discos voadores' surgirem, foo fighters já eram cogitados como armas nazistas pelos aliados (embora os nazistas por sua vez acreditassem que seriam armas aliadas).

Mesmo com o surgimento dos discos voadores em 1947, a hipótese de que as misteriosas aeronaves fossem armas secretas, seja soviéticas ou nazistas, era muito predominante. Foi nessa época, por volta dos anos 50 e no contexto da perplexidade frente ao popular 'fenômeno dos discos voadores', que boa parte da mitologia de UFOs nazistas surgiu. Na Itália, um ex-ministro fascista, Giuseppe Belluzzo, tinha na revista 'Tempo' suas alegações vagas sobre projetos de discos voadores divulgadas. Poucos dias depois, Rudolf Schriever publicava especulações semelhantes na Alemanha, que provavelmente buscavam dar alguma glória póstuma a regimes vergonhosamente derrotados. Todas estavam inseridas no contexto da fascinação popular pelos misteriosos discos voadores, e como Kevin McClure sugere, tudo indica que foram os discos voadores que geraram o mito de UFOs Nazistas e não o contrário.

Neste contexto o movimento contemporâneo dos 'contatados' também englobava apologia ao nazismo, com seres perfeitos de aspectos nórdicos e contatados envolvidos com grupos nazistas.

As lendas de UFOs Nazistas nunca cessaram, sempre tornando-se mais complexas e confusas mas nunca encontrando nenhuma base sólida. Porém, foi apenas há alguns anos que ganharam um novo fôlego: é muito provável que quando você ouça 'UFOs nazistas' pense em histórias a respeito de contatos telepáticos da SS com Aldebaran, discos recuperados antes da Segunda Guerra na Alemanha e discos Vril, Haunebu e Andromeda.

Estas ramificações recentes englobam a mitologia dos anos 50 em torno dos UFOs nazistas e a misturam com os contatados, fazendo com que supostos discos Haunebu sejam semelhantes às scout ships de Adamski. Tudo isso somado a conceitos Nova Era como canalização e muito mais baboseiras levou à versão atual das lendas de UFOs nazistas.

A origem destas novas histórias a respeito de discos nazistas, que são acompanhadas de documentos grosseiramente falsificados e fotografias espúrias de maquetes, é extremamente nebulosa. É uma fraude tosca mas de proporções consideráveis que em alguns anos poderá ser comparada ao 'caso UMMO'. Só que, neste caso, há uma clara apologia ao nazismo no plano de fundo.

por:Kevin McClure

Leia mais

- O Mito dos UFOs Nazistas - A detalhada pesquisa de Kevin McClure expondo o mito e a fraude, disponível completa em doze páginas traduzidas.




Maiores detalhes no vidio abaixo.

Os verdadeiros Ovni´s parte 1/6 - primeira parte OVNI Nazistas.

http://br.youtube.com/watch?v=RQmDDhVX1Is

Atemporal

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by Richard Nichel

Quem sou eu.

Pisciano ascendente em peixes, que conforme signo tenho aptidão a arte, bem como a pintura, a música e a costura; a fotografia e a publicidade são uma paixão que levo sempre comigo, fazendo tudo com muito esmero. EMAIL: richardnichel@gmail.com